NATÉRCIA MARIA - UMA VOZ DO FADO
A artista abriu as portas da sua casa ao JM e, entre fotografias e troféus,recordou os momentos mais empolgantes do seu longo percurso.Uma das maiores figuras do fado e da música ligeira portuguesa dá pelo nome de Natércia Maria, artista que despertou para a música por vocação e que conta com mais de 30 anos de carreira e outros tantos discos gravados.Em conversa com o JM lembrou que desde pequena, sempre que ouvia uma melodia na rádio ia a correr encostar ou ouvido. Mas foi com a participação no concurso lançado pela «Só Rádio» - «Cantiga da Rua» - que começou a dar os primeiros passos no mundo do espectáculo, ao conquistar o 1º. lugar nas categorias de Fado e Canção. A presença em concursos foi-se sucedendo, acumulando vitória sobre vitória. Tinha então 18 anos.Algum tempo mais tarde, a convite do maestro Resende Dias, membro habitual do júri dos concursos, estreia-se na rádio, na então Emissora Nacional, hoje RDP, onde fez inúmeros programas em directo. Desde logo começou a ser solicitada para espectáculos e nunca mais parou. Percorreu o país de lés a lés, tendo sido, por diversas vezes, «cabeça de cartaz» nos Casinos da Figueira da Foz, de Espinho, do Funchal, da Póvoa de Varzim e do Estoril, onde se estreou.«Vidro Partido», «Sinal Proibido», «Ruas do Porto», «Aquela Cidade», e «A Mulher no Palco», são alguns dos temas que mais sucesso fizeram na carreira de Natércia Maria, que cantou ao lado de grandes nomes da música portuguesa, como Amália Rodrigues, Carlos Guilherme, Rodrigo, António Pinto Basto e Nuno da Câmara Pereira.De entre os inúmeros espectáculos que deu e em que participou, alguns dos quais memoráveis, destaca uma actuação em Évora, numa festa de João Braga, «em que fui a artista da noite. Devo ter cantado divinalmente, por que os meus colegas, que já estavam fartos de me ver, no final vieram felicitar-me pela interpretação. Todavia e apesar deste ter sido um momento especial, não tenho que dizer dos outros sítios em que actuei, por que fui sempre muito bem recebida, desde a aldeia mais recôndita de Portugal até à maior das cidades».Com um percurso pautado pela estabilidade, Natércia Maria soube dinamizar a sua actividade. Fez rádio, foi madrinha nas marchas populares e cantou em diversos programas de televisão, casos dos «Bom Dia, Domingo», «Zip-Zip», «TV Cor», «Os anos não contam», «Piano Bar», e «Às Dez». O seu esmero foi compensado em 1997 ao receber da Casa da Imprensa o Prémio Carreira.Um ano mais tarde partiu para França, onde iniciou e protagonizou uma série de espectáculos para as comunidades portuguesas na Alemanha e em Inglaterra - em Londres actuou com Herman José - actuações que foram, à semelhança do que acontecia em Portugal, sempre acolhidas com grande carinho.Mas foi no Brasil que recebeu porventura o maior de todos oa aplausos, ao ser recebida como uma grande estrela.Ao longo de dois meses de estadia, passou pelas maiores casa de espectáculo do Rio de Janeiro, como a Casa do Porto, de que é sócia honorária. «Só fui ao Brasil uma vez, porém valeu por muitas, em virtude da intensa actividade que desenvolvi».Para além de muitos concertos, participou em programas televisivos nos mais populares canais do Rio de Janeiro e de São Paulo: «Ninguém me conhecia, mas mesmo assim trataram-me como uma vedeta. Curiosamente, no Rio de Janeiro entrei no programa de homenagem a Valdique Soriano, um grande nome no Brasil, só que as coisas foram feitas de tal modo que chegaram a pensar que a festa era para mim».O sucesso que causou do outro lado do Atlântico, e que pode mesmo ser considerado um dos pontos mais altos da sua carreira, valeu-lhe rasgados elogios, não só por parte do público, mas também da imprensa, que lhe dedicou diversos artigos em jornais e revistas, que guarda juntamente com fotografias medalhas e troféus.Ao longo de 32 anos, Natércia Maria residiu em Matosinhos, sendo uma presença habitual nas festas ao Mártir São Sebastião. Inesperadamente, apesar de ser uma artista da casa, começou a ser colocada de parte. «Em determinada altura deixaram de me chamar, optando por convidar outros colegas, esquecendo-se de mim, o que me causou alguma mágoa».Apesar de algumas vicissitudes por que passou, orgulha-se de ter construído, pelos próprios meios, um nome que hoje todos identificam como um dos melhores entre os artistas portugueses: «Até hoje fui sempre sozinha, nunca tive ninguém a ajudar-me. Nunca tive uma boa produção de um trabalho e, mesmo assim, consegui criar um nome que as pessoas conhecem».Ultimamente tem vindo a participar nalguns programas televisivos: «SIC 10 Horas», «Portugal no Coração» e «TVI Festa de São João». Da sua agenda continuam a constar espectáculos, um dos quais no dia em que nos concedeu esta entrevista, inserido na Feira do Artesenato, na Foz, «Noite de Estrelas».Os propjectos mais imediatos da cantora passam pelo regresso à televisão e até mesmo pela gravação de um novo disco. «Tenho temas muito bonitos, um dos quais inédito. «Em Setembro vou reunir-me com músicos e outras pessoas do ramo para escolher os melhores temas para um novo trabalho».Não obstante, um senão ensombra o desígnio da cantora: encontrar uma editora disposta a lançar o disco. «Se não houver uma editora, não sei se vou poder gravá-lo, já que a sua promoção e distribuíção só assim se pode fazer». «Natércia Maria» é o título do último disco que gravou, com fados e canção, já lá vão cinco anos, e que teve como tema de lançamento «Mulher Coragem», um atributo que assenta bem na cantora que tenta com mais um álbum impulsionar a sua carreira. = 29/8/2003 - Cristina Vilarinho
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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